Ler histórias para crianças é poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, suscitar o imaginário, é ter curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar idéias para solucionar questões.
É uma possibilidades de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos.
É ouvindo histórias que se pode sentir emoções importantes como a tristeza, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade e tantas outras mais. “É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula...”. (ABRAMOVICH, 1995, p. 17).
A leitura é uma forma exemplar de aprendizagem, é um dos meios mais eficazes de desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade. Favorece a remoção de barreiras educacionais, principalmente através da promoção do desenvolvimento da linguagem e do exercício intelectual, aumentando a possibilidade de normalização da situação pessoal de um indivíduo. A exposição à leitura da história no seio familiar durante os anos pré-escolares leva muitas crianças ao sucesso escolar. As crianças que vivem num ambiente letrado desenvolvem um interesse lúdico com respeito às atividades de leitura e escrita, praticadas pelos adultos que a rodeiam. Esse interesse varia de acordo com a qualidade, freqüência e valor destas atividades realizadas pelos adultos que convivem com as crianças. Se uma mãe ler para seu filho textos interessantes e com boa qualidade, nota-se que estará transmitindo a ele informações variadas sobre a língua escrita e sobre o mundo. Isso é de suma importância para a criança, pois irá levá-la a interessar-se cada vez mais pela leitura das histórias ouvidas.
Ao adentrar no mundo escolar, a leitura não mais se realizará como na família, devendo sofrer modificações que são vitais para o desenvolvimento da aprendizagem. Para poder transmitir à criança uma visão clara do que se está lendo, o professor deverá ter algumas atitudes, tais como:
· Visualizar o livro para a criança, através da exposição das gravuras;
· Ler de forma liberal, porém clara e agradável, atraindo a atenção da criança;
· Manter-se aberto para as perguntas das crianças, incentivando a troca de comentários sobre o texto lido.
O QUE DEVEMOS LER PARA AS CRIANÇAS
Nas transformações da leitura de histórias em atividades pedagógicas, a nossa preocupação maior é com a qualidade da leitura que iremos realizar para as crianças. Assim, a escolha dos livros deve ter alguns princípios básicos que possam garantir a eficiência do trabalho pedagógico, ou seja:
a) qualidade de criação;
b) estrutura da narrativa;
c) adequação às convenções do português escrito;
d) despertar o interesse da criança;
e) simplicidade do texto;
Isso nos garantirá, além de oportunizar o contato da criança com o uso real da escrita, levar a mesma a conhecer novas palavras, discutir valores como o amor e o trabalho, levá-los a usar a imaginação, tornando-os criativos e capazes de pensar.
A leitura deve se transformar em atividade de rotina, pois o escutar histórias desenvolve naturalmente um interesse cada vez maior em aprender determinadas histórias e reproduzi-las oralmente. O professor deve procurar assegurar às crianças o acesso aos livros, agindo como elemento facilitador e incentivador da criança pela leitura à medida que não se comporta como leitor e sim como expectador das leituras que são reproduzidas pelas crianças.
POR QUE CONTAR HISTÓRIAS?
Contar histórias é a mais antiga das artes. Nos velhos tempos, o povo assentava ao redor do fogo para esquentar, alegrar, conversar, contar casos. Pessoas que vinham de longe de suas Pátrias contavam e repetiam histórias para guardar suas tradições e sua língua. As histórias se incorporam à nossa cultura. Ganharam as nossas casas através da doce voz materna, das velhas babás, dos livros coloridos, para encantamento da criançada. E os pedagogos, sempre à procura de técnicas e processos adequados à educação das crianças, descobriram esta “mina de ouro” as histórias.
Parte importante na vida da criança desde a mais tenra idade, a literatura constitui alimento precioso para sua alma. É conhecendo a criança e o mistério delicioso do seu mundo que podemos avaliar todo o valor da literatura em sua formação. As crianças têm um mundo próprio, todo seu, povoado de sonhos e fantasias.
A história é contada visando:
· deleitar a criança/· infundir o amor à beleza;
· desenvolver sua imaginação/· ampliar as experiências;
· desenvolver o poder da observação/ · desenvolver o gosto artístico;
· estabelecer uma ligação interna entre o mundo da fantasia e o da realidade;
No sentido da língua, particularmente, as histórias:
· enriquecem a experiência/ · fixam e ampliam o vocabulário;
· desenvolvem a capacidade de dar seqüência lógica aos fatos;
· dão o sentido da ordem/ · educam a atenção;
· esclarecem o pensamento/· desenvolve o gosto literário;
· estimulam o interesse pela leitura/ · desenvolvem a linguagem oral e escrita;
As histórias são fontes maravilhosas de experiências. São meios preciosos de ampliar o horizonte da criança e aumentar sue conhecimento em relação ao mundo que a cerca. Mas é precioso saber usar as histórias para que dela as se alcance retirar tudo o que podem dar à educação. Um dos principais elementos a ser alcançado é o poder de imaginação que, tirando a criança do seu ambiente, lhe permite ao espírito “trabalhar” a imaginação. As histórias têm como valor específico o desenvolvimento das idéias, e cada vez que elas são contadas acrescentam às crianças novos conhecimentos.
“O ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatral, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo (a mesma história ou outra). Afinal, tudo pode nascer dum texto!” (ABRAMOVICH, 1995, p. 23)
COMO CONTAR HISTÓRIAS?
Uma história deve ser contada emocionalmente e não simplesmente apresentada em seu enredo. Uma boa história é uma obra aberta, que permite muitas leituras, muitos caminhos, muitas saídas. Contar uma história é fazer a criança sentir-se identificada com os personagens. É trazer todo o enredo à presença do ouvinte e fazer com que ele se incorpore à trama da história, como parte dela.
As crianças agem, pensam, sentem, sofrem, alegram-se como se fossem elas próprias os
personagens. A história assim vivida pode provocar-lhes sentimentos novos e aperfeiçoar outros. Por isso as histórias não devem ser deprimentes. O final deve ser feliz, para transmitir aos ouvintes uma emoção sadia. O principal na arte de contar histórias é saber despertar a emoção. Quando as crianças nos pedem que lhes contassem histórias é porque sentem necessidade de sair de si mesma, de experimentarem uma nova sensação. Para se contar bem uma história é preciso possuir habilidade, treino e conhecimento técnico do trabalho, pois os valores artísticos, lingüístico e educativo dependem da arte do narrador.
Os segredos de um contador de histórias são:
a) Curta a história – o bom contador acredita na sua história, se envolve e vibra com ela. Se o professor não estiver interessado, dificilmente conseguirá interessar as crianças.
b) Evite adaptações – deve-se ler o que está escrito no livro. Não privar os alunos do contato com o texto literário. Os velhos contos de fadas são histórias cheias de fantasias e de poesia. Lidam com sentimentos fundamentais do ser humano: o medo, a angústia, o ódio, o amor. Permitem à criança exercitar através da imaginação, soluções para problemas concretos da vida, que interessam ao adulto.
c) Não explique demais – a adaptação de histórias é uma descaracterização da história na vida da criança. Muitas vezes, a história exerce a função de desenvolver ou até prolongar o mistério. Ao fazer a tradução ou adaptação, o professor deixa tudo muito bem esclarecido, não restando qualquer mistério. Ao ser encerrada, a história realmente se encerra, deixando de existir para a criança.
d) Uma história é um ponto de encontro – ao entrar numa roda de história, a criança participa de uma experiência comum que facilita o conhecimento e as ligações com as crianças.
e) Uma história também é um ponto de partida – a partir de uma história é possível desenvolver outras atividades: desenho, massa, cerâmica, teatro ou o que a imaginação sugerir.
f) Moral da história – nenhuma, ou melhor, várias. Essa história sobre os segredos das histórias e os contadores de histórias é só o começo, o resto quem conta somos nós, com a experiência, imaginação e bom senso.
g) Comentar a história – fazer perguntas diretas para a criança, verificando se ela figurou bem cada um dos caracteres, se os moldou de acordo consigo mesma, se o caráter que nos apresenta é o que pretendíamos transmitir.
h) Dar modalidades e possibilidades da voz – sussurrar quando a personagem fala baixinho ou está pensando em algo importante, falar tão baixo de modo quase inaudível, nos momentos de dúvidas, e usar humoradamente as onomatopéias, os ruídos, os espantos, levantar a voz quando uma algazarra está acontecendo. Ë fundamental dar longas pausas quando se introduz o “Então...”, para que haja tempo de cada um imaginar as muitas coisas que estão para acontecer em seguida.
As histórias são expressões de uma mesma personalidade em evolução, do princípio do prazer da realidade. Podem mostrar à criança que a transformação, a mudança e o desenvolvimento são possíveis. Que o prazer não é proibido.
Contar histórias é uma arte. Deve dar prazer a quem conta e ao ouvinte. As histórias têm
finalidade em si. Contadas ou lidas constituem sempre uma fonte de alegria e encantamento. Por isso as atividades de enriquecimento devem ser leves e espontâneas.
A dramatização é uma das melhores atividades de enriquecimento, pois além de ser uma das
preferidas pelas crianças, oferece valores imprescindíveis ao desenvolvimento de um bom
programa de literatura.
O objetivo da hora das histórias é a familiarização com a literatura. Desde muito cedo, a criança gosta de ouvir a história da sua vida, a mais importante para ela. À medida que cresce, começa a solicitar determinadas passagens que deseja ouvir.
Histórias sobre fatos reais são importantes, porque ajudam a criança a entender sua origem e que tipo de relações existe entre ela, as pessoas e os lugares.
Da mesma forma, as histórias inventadas são importantes. Desde cedo à criança precisa saber de coisas que não fazem parte de sua experiência cotidiana. É comum ela ter um amigo imaginário ou atribuir qualidades humanas e sobrenaturais a um brinquedo ou a um animal.
As histórias lidas somam-se então às inventadas, passando a fazer parte de um mundo onde à realidade e a imaginação se completam. Os livros aumentam o prazer de imaginar coisas. A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência de vida real.
A hora de curtir um livro juntos é a hora de partilhar: um livro de histórias curtas, contadas com palavras fáceis de ler e entender, ilustrado com imagens que falam da história, das personagens e ações que estão sendo;lidas e mostradas, que faça pensar em coisas novas, que informe, que faça rir de verdade, que seja engraçado, que faça brincar com as mãos, olhos e ouvidos. O importante é que nessa hora não haja pressa, contando ou lendo tudo de uma só vez. É preciso respeitar as pausa, perguntas e comentários naturais que a história possa despertar, tanto em quem lê quanto em quem ouve.
CONCLUSÃO
Criança interessadas em estudar, este é objetivo primordial de todos os pais. Porém, não sabem eles que é a patir de um conto de histórias que estão estimulando seus filhos a apreciar os estudos com olhos de interesse e não de sofrimento. É no contar uma história que estimulará seus filhos a fantasiar, e trazer de alguma forma esta história para sua realidade.
Esta busca da literatura se faz em grandes livros infantis, escritos por grandes autores que trazem lindas histórias com grandes morais e final. Mas não se faz uma grande fantasia se não soubermos passar isto a criança.
Estimulando as crianças a imaginar, criar, envolver-se já é um grande passo para sua carreira. A literatura na infância é o meio mais eficiente de enriquecimento e desenvolvimento da personalidade: é um passaporte para vida e para a sociedade. É na infância que se adquire o gosto de ler, por isso que é de suma importância o conto, pois o fantasiar antecede a leitura.
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